Em 1994, Wayne Hodgins cunhou o termo objeto de aprendizagem , que rapidamente entrou no vernáculo de educadores e designers instrucionais. Através deste popularizou-se a ideia de que os materiais digitais podem ser projetados e produzidos de forma a ser facilmente reutilizados numa variedade de situações pedagógicas. Além da enfase na reutilização, este movimento gerou esforços para criar padrões de reutilização de informação e de troca de conteúdo bem como estabeleceu normas para os utilizadores pudessem encontrar e reutilizar conteúdo educacional digital.
David Wiley cunhou o termo "conteúdo aberto", em 1998, visando especificamente a comunidade educativa e os criadores do conceito de objeto de aprendizagem. No entanto, o termo entrou rapidamente no vernáculo de utilizadores da internet. Surge a ideia de que o princípio do código aberto /os movimentos de gratuitidade de programas poderia(m) ser aplicado(s) ao conteúdo e criou-se pela primeira vez uma licença amplamente adotada para o conteúdo (Open Publication License).
Em 2001, Larry Lessig e colegas fundaram o Creative Commons (CC) e lançaram um conjunto flexível de licenças melhorando a estrutura confusa da Open Publication License com opções e significativamente mais forte a nível legal. A Creative Commons aumenta a credibilidade e confiança da comunidade através de licenças fáceis de usar e compreender.
Fonte: Vimeo
Ainda em 2001 o Massachusetts Institute of Technology (MIT) anunciou a iniciativa OpenCourseWare, publicando praticamente todas as turmas da universidade pública com acesso gratuito para uso não comercial. O OpenCourseWare do MIT serviu como exemplo do compromisso a nível institucional, trabalhando ativamente para incentivar projetos semelhantes e apoiando o movimento de abertura de conteúdos com a marca MIT.
Finalmente, em 2002, a Unesco realizou um fórum composto por pessoas que desejavam desenvolver em conjunto um recurso universal educacional disponível para toda a humanidade. Foi escolhido o termo Open Educational Resource (OER) [Recurso Educacional Aberto (REA)], cuja definição é atualmente:
Materiais de ensino, aprendizagem e pesquisa em qualquer meio que se encontra no domínio público ou foi publicado sob uma licensa aberta que permite o seu livre uso e, em alguns casos, o reuso por outros. A utilização de ficheiros de formato aberto melhora o acesso e potencia o reuso dos REA que são desenvolvidos e publicados digitalmente. Os REA podem incluir cursos completos, materiais, módulos, livros, manuais, artigos de investigação, vídeos, testes, programas e qualquer outras ferramentas, materiais e técnicas usadas como base ao acesso ao conhecimento.
Definição
Assim e resumindo, um REA é nada mais do que um recurso educacional que incorpora um licença que facilita o reuso e potencializa a adaptação sem que seja requerida a permissão do detentor do copyright. (Uvalić-Trumbić, 2011) (Uvalić-Trumbić, 2011)
Segundo Downes, os REA incluem:
- Recursos de aprendizagem - material didático, módulos de conteúdo, objetos de aprendizagem, apoio ao aluno e instrumentos de avaliação, comunidades de aprendizagem online;
- Recursos de suporte ao professor - ferramentas para professores e material de suporte que permita criar, adaptar e usar os REA, bem como material de formação e outros materiais para professores;
- Recursos que asseguram a qualidade no ensino e nas práticas educativas. (Downes, 2007)
Vantagens e desvantagens
Por que razão construir REA? As quatro motivações mais comuns são aumentar a exposição, fazer algo positivo, trazer nova vida a trabalhos impressos e, por último, melhorar a qualidade dos recursos educacionais. (Hilton III & Wiley)
Para responder à pergunta inicial, veja-se o conjunto de vantagens que estes trazem à comunidade em geral.
Segundo Doyle (2007), os REA concedem
- aos autores: a publicação com o acesso ao maior público possível, pois estudos mostram que os seus artigos são citados com mais frequência;
- aos leitores: acesso aberto a um conjunto quase infinito de literatura;
- aos editores: a garantia de uma divulgação mais ampla dos artigos que publicam, pois a partilha de ficheiros aumenta na realidade o mercado dos seus produtos comerciais;
- aos financiadores: a obtenção de um maior impacto do seu investimento;
- às universidades: um aumento da visibilidade do conhecimento que promovem.
Baker (2007) apresenta ainda as seguintes vantagens:
- Promove a inovação pedagógica e relevância, evitando o ensino virado para um manual
- Amplia uso de alternativas aos livros didáticos, mantendo a qualidade no ensino
- Reduz os custos dos materiais de cursos para estudantes (Baker, 2007)
Existem, no entanto, igualmente desvantagens. Nomeadamente:
- Qualidade inconsistente dos materiais REA disponíveis
- Necessidade de verificar a precisão do conteúdo
- Variação dos requisitos técnicos de acesso
- Determinismo tecnológico criado pela ferramenta de entrega
- Nenhum padrão comum para a análise de precisão e qualidade dos REA
Relativamente ao primeiro e a este último ponto estão a ser feitos esforços para melhorar a qualidade e precisão dos REA pela Commonwealth of Lerning (COL) e a Unesco (Commonwealth of Learning & UNESCO). No entanto, ainda está muito por elaborar incluindo o UNESCO OER Tool Kit, que seria muito útil, mas que ainda continua em esboço.
Críticas ao movimento REA
O movimento REA foi acusado de insularidade e incapacidade de se conectar com o mundo geral, ao não ser capaz de ajudar os países a alcançar seus objetivos educacionais, a menos que possa ser rapidamente expandido para além das comunidades de interesse que já atraiu Foram lançadas dúvidas sobre os motivos altruístas normalmente reivindicado nos REA e o projeto tem sido acusado de imperialismo na criação e disseminação do conhecimento de acordo com razões económicas, preferências políticas e culturais dos países desenvolvidos para a utilização de países menos desenvolvidos. (Esham, 2011)
Prioridade
Presentemente umas das prioridades do movimento REA é a criação de REA, sob um conjunto de critérios uniformes e por vezes obrigatórios, com revisão sistemática de forma a promover qualidade. (D'Antoni, 2008)
Fonte: D'Antoni (2008)
Bibliografia
Baker, J. (20 de 06 de 2007). OER Introduction. Obtido em 11 de
09 de 2011, de ConneXions: http://cnx.org/content/m14466/latest/
Commonwealth of Learning & UNESCO. (s.d.). Guidelines
for OER in Higher Education. Obtido em 10 de 11 de 2011, de Taking OER beyond the OER
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D'Antoni, S. (2 de 2008). Open Educational Resources -
The Way Forward. (U. &. IIEP, Ed.) Obtido em 10 de 11 de 2011, de
OERWIKI: http://oerwiki.iiep.unesco.org/images/4/46/OER_Way_Forward.pdf
Downes, S. (2007). Models for Sustainable Open
Educational Ressources. Obtido em 9 de 11 de 2011, de
http://ijklo.org/Volume3/IJKLOv3p029-044Downes.pdf
Esham, B. (11 de 10 de 2011). Open educational resources. Obtido
em 6 de 9 de 2011, de Wikipédia: http://en.wikipedia.org/wiki/Open_educational_resources
Hilton III, J., & Wiley, D. (s.d.). The Creation and
Use of Open Educational Resources in Christian Higher Education. Obtido em 30 de 10 de
2011, de Brigham Young University: http://contentdm.lib.byu.edu/cgi-bin/showfile.exe?CISOROOT=/IR&CISOPTR=759&filename=760.pdf
Kanwar, A., & Uvalic´-Trumbic´, S. (2011). Basic
Guide to Open Educational Ressources (OER). Obtido em 9 de 11 de 2011, de
http://www.col.org/PublicationDocuments/Basic-Guide-To-OER.pdf
Uvalić-Trumbić, S. (2011). UNESCO-COL GUIDELINES FOR OPEN
EDUCATIONAL RESOURCES (OER) IN HIGHER EDUCATION. Obtido em 9 de 11 de 2011, de
http://oerworkshop.weebly.com/uploads/4/1/3/4/4134458/unesco_col_oer_guidelines_-_draft_for_public_comments.docx [Descarrega]
In http://are11uab.wikispaces.com/Construir (adapt)
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